sexta-feira, 22 de outubro de 2010

O cabo dos trabalhos...


Gaivotas em terra, mau tempo no mar. Politicos no ar, em terra não ficar. Isto só para rirmar, que ao mar lá me fiz eu, e a carta de marinheiro tirar. E é quando descubro que muitas das nossas expressões populares tem a sua origem nos dizeres dos nossos antepassados marinheiros, pois quando ouvimos alguém dizer: "Poem-te na alheta!" não é mais que ir para a parte de trás do barco (assim apelidada: alheta). "Ganda cachola!" não é mais que a vara que liga ao leme e nos permite manobrar a embarcação. O Bombordo é uma expressão 100% portuguesa, usada em todo o mundo e refere-se ao lado esquerdo da embarcação. É que no tempo dos descobrimentos, o lado esquerdo significava... Africa! Dai o bom bordo (as caravelas ao sairem dos portos portugueses, tinham Africa do lado esquerdo). Também se aprende que as únicas "cordas" a bordo, são a corda do relógio e a corda do sino... as outras são CABOS! E o seu cojunto designado por "Massame". Ora no massame temos os cabos de massa, os de arame os solteiros e os fixos. Os solteiros são aqueles (e agora passo a citar) que estão livres e por isso prontos a trabalhar em qualquer local.... Os fixos são aqueles que fazem parte do aparelho fixo do navio e como tal, não servem para mais nada! E agora imagine-se! Os cabos solteiros, são os que estão metidos em ..."sarilhos"!! Que é o objecto onde se enrolam os cabos solteiros. E já a minha mãe me dizia em tenra idade:"Luisinho, Luisinho, não te metas em sarilhos!!!"

E depois há as marés, mar e mar, ir e voltar. Vamos lá ver se não me afundo, que em terra já só se governam as gaivotas e.... os abutres.

e não se metam em sarilhos, que é o cabo dos trabalhos...

sábado, 2 de outubro de 2010

Digam lá a verdade, mas afinal, o que é que querem?

e nestes dias quentes de verão, em que estive ausente, a viver a vidinha, recebi vários e-mails a questionarem-me se voltaria aqui a escrever. Eu próprio me questionei: «Mas escrever sobre o quê? A crise? O orçamento? O buraco da despesa pública? As alterações climáticas? A praga de mosquitos? O mau inicio de campeonato do Benfica?»
Mas afinal, o que é que é realmente importante? Sobre o que é que vale a pena escrever? O que é que é verdadeiramente importante e nos toca a todos? Sim, lá no fundo(não, não, não é a crise, esta não toca a toda a gente). E a resposta é tão básica e tão obvia: a felicidade. Todos desejamos ser felizes. Mas... o que é a felicidade? Qual a formula definitiva? Sim, porque para alguns, a felicidade é um golo do benfica, para outros são os números do euromilhões, ou ser promovido, ou comer um bom cozido. E depois encontramos pessoas felizes com tão pouco e em situações que para nós nos levariam à infelicidade, que só prova como a felicidade é tão subjectiva...
Entretanto vejo o ínicio de um filme: "Barreira Invisil", de Terrence Malick, e lembro-me de um estudo que põe no pódio da felicidade: Vanatu, um arquipélago da Melánesia!?, onde as pessoas tem um um grau elevado de satisfação com a vida. Ao contrário da industrial Alemanha, com uma elevada esperança de vida, com Iphones, BMW's e Mercedes. Mesmo assim, à frente dos organizadíssimos e limpinhos paises escandinavos: 112º Dinamarca, 115º Noruega e 123º para a Finlândia. E entre um mergulho no mar, ao sol de uma praia algarvia, penso no dinheiro, no consumo, numa elevada esperança de vida. Na escala de valores. Nos paises e pessoas ricas, que talvez se enganem em dar tanta importância ao dinheiro. De facto, no nosso sistema de valores, o dinheiro e o status ocupam os primeiros lugares. Ao contrário da avaliação que nos dão os "economistas da felicidade", que nos dizem que nada causa mais felicidade que as relações entre as pessoas, isto é, a vida em familia, os jantares de amigos, o convívio, o café com, os companheiros/namorada/o. A seguir vem o sentimento de ser útil (mesmo desempregados, podemos sempre fazer voluntariado), depois, segundo as circunstâncias, a saúde e liberdade.
Quem procura a felicidade na procura incessante de bem-estar material e de estatuto social para impressionar os outros revela um comportamento de carência. Aliás, o capitalismo leva consigo a lógica da insatisfação: quanto mais se tem, mais é preciso ter.
E nesta lógica, neste ambiente pesado de crise económica, acredito que o slogan deveria ser: Felicidade para todos e não o crescimento a toda a força da economia e do PIB, e o que isso implica: corte nas despesas e aumento do desemprego. Para mim, um leigo em economia, o pleno emprego é mais importante que o crescimento do PIB.
Um estudo recente revela que metade da população portuguesa tem dificuldades em sobreviver economicamente, no entanto, 70% dizem que são felizes e não é por acaso, pois ainda somos um povo que valoriza a familia e os amigos.
E quantos euros vale um beijo? Um abraço? Um mergulho no mar? Uma jantarada de conquilha acabadinha de apanhar com os amigos? Um passeio a uma terra desconhecida? Uma gargalhada? Um carinho de um cão ou gato? Observar o pôr do sol? Um obrigado?
Afinal a crise é de quê?