domingo, 28 de fevereiro de 2010

tal como veio, foi e tal como provavelmente nunca antes a tinha visto, provavelmente nunca mais a voltarei a ver. e numa generosidade apenas possível a uma mulher, num tão curto espaço de tempo mostrou-me que o universo feminino é um milagre de vida e de sobrevivência. como se as poucas horas de conversa fossem, cada uma, um pedaço de espelho. um montar de um espelho que aos poucos vai reflectindo o interior da mulher para o mundo. um interior com pelo menos três mulheres diferentes, que por sua vez se dividem cada uma em outras três mulheres diferentes, assim sucessivamente em cadeia, como se fossem mil mulheres habitando um único ser. e como os homens não compreendem isso. nem elas próprias. também penso que as mulheres podem ser mil e que mostram que são essas mil à medida que vão surgindo, uma por hora ou uma por segundo, e que os homens são, gerlamente, um, no máximo dois. e esse segundo nunca é revelado ás mulheres. e enquanto essas mil mulheres sonham com um só homem, um homem só, sonha com mil mulheres. e não vê que elas estão lá todas, todas numa única, algumas com os fios desligaods, tal como dizia o António na sua crónica. e que eles não vêem ou não sabem ligar os fios e que o que vêem acaba por ser só uma das mil mulheres que existem numa só. e acaba por ir procurar nas outras o que se surpreenderia milenarmente com uma só mulher. estar com ela e, no outro dia descobrir que ela não é nada daquilo que pensava que fosse. mesmo assim, poderia continuar a gostar dela, porque a sua relação será sempre o ínicio de uma nova descoberta, uma nova conquista, um novo encontro, uma nova aventura, um novo mundo, uma nova mulher, numa só mulher. porque a diferença entre os homens e as mulheres é bastante nítida. os homens são peças de um quebra-cabeças simples e sempre completo. já as mulheres são quebra-cabeças complexos e mágicos. as peças transforma-se. encolhem ou aumentam consoante a necessidade. mudam de cor conforme a situação. e conseguem encaixar até naquilo que não encaixa. os homens no seu mundo tentam encontrar apenas peças exactas, que encaixam na perfeição. as mulheres preenchem esses espaços com as sobras das laterais. diminuem ou aumentam os cantos moldando o espaço para que as peças, mesmo que não perfeitas, encaixem bem umas nas outras. completando o quebra-cabeças do universo feminino. tal como ficou completo o espelho que com os seus mil bocadinhos me reflecte tão bem a essência de um ser que pode ser o que quiser, mas que prefer ser ela mesma, num universo feminino tão desconhecido dos homens e misterioso para as proprias mulheres.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Como a Inês Gonçalves deixou de ser uma mulher lindíssima em 10 minutos, ou porque é que não deve ser a mulher a escolher o restaurante

Ela - Estás confortável?
Eu - Sim, obrigado.
- Não tens frio, pois não?
- Não. Não.
- E calor?
- Não, estou bem.
- De certeza?
- Sim
- E se não estiveres, dizes?
- Sim, digo.
- Prometes?
- Prometo.
- Não estás a dizer isso só para me agradar?
- Não, a sério, estou bem.
- Óptimo, mas se preferires ir a outro restaurante, é só dizeres.
- Não.
- Tens a certeza?
- Sim!Olha, vamos escolher...
- Sim, o peixe aqui é maravilhoso.
- Humm...
- Mas olha, não queres trocar de lugar comigo? Aqui tens mais luz.
- Não, aqui estou bem.
- A sério, eu não me importo.
- Não. Não! Aqui também tenho luz, deixa-te estar.
- Mas aqui estás á janela e...
- Não S., a sério, estou bem aqui.
- Oh! Agora ficaste chateado comigo..
- Não S., não estou nada chateado contigo.
- Mas fizeste uma cara...
- Não, a sério não estou.
- Estou a ser muito chata?
- Não mas..
- Vês! Afinal sempre estás chateado comigo!!Foi por eu me ter sentado à janela?
- Não S. não estou nada chateado contigo. Olha, vamos escolher?
- Vamos... desculpa, não estou a ser boa companhia hoje, pois não?
- Não, nada disso.
- És tão simpático e eu aqui com as minhas paranóias... mas se estiver a ser chata, diz.
- Não, S. está tudo bem.
- Ás vezes sou um bocadinho chata, não sou?
- Um bocadinho.
- Ohhh, estou-te a aborrecer?queres ir embora?
- Não!
- Oh, agora ficaste outra vez chateado...
- Não S. para com isso.
- Não estás chateado?
- Não.
- Queres ir a outro sítio?
- (tal e qual o que estão a pensar, mas não é muito bonito de descrever...)

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Inês Gonçalves

Na minha opinião, o rosto mais bonito da televisão portuguesa.

e ainda por cima percebe de futebol.
de certeza que tem um defeito terrivel...



e não acho nada bem, porque para um homem que gosta de futebol, assim é difícil concentrar-se...

Fábula mal contada

Há uma fábula muito conhecida do sapo e do escorpião.
Em que o escorpião pede ao sapo para o transportar de uma margem do rio, para a outra. O sapo contesta o pedido do escorpião com medo que este o ferre com o ferrão venenoso. Ao que o escorpião responde que se o ferrar, também ele se "ferra" porque não sabe nadar.
O sapo acede ao pedido do escorpião e ao transportá-lo para a outra margem do rio, sente a picado do seu ferrão venenoso. E ambos morrem, ao que o escorpião explica ao sapo antes de morrerem, que não resistiu à sua natureza e o picou.

Mas esta fábula está mal contada. É impossível que um sapo ignore a natureza do escorpião. Se um sapo transporta um escorpião ás costas, é porque está decidido a morrer.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Um post completamente fútil e assustador, com a palavra "sapatos" que é o mesmo que "sexo" para o universo masculino

E diz ela assim com a maior das naturalidades:

- Ontem em arrumações descobri esquecidos no armário, uns sapatos que nunca usei..
- (erguer das sobrancelhas num misto de surpresa, mas só numa pequenissíma fracção de segundo)
- Comprei-os no verão passado...ainda tem a etiqueta..
- São virgens então... O verão também está ai à porta
- Mas já não se usam..
- Não?!
- Não.
- Não achas que já tens sapatos a mais??
- Os sapatos nunca são de mais! Os sapatos são nossos amigos!
- Sim! Os sapatos alegram-vos a existência! (ar de troça)
- Não fales mal dos sapatos que tantas alegrias nos dão.
- Um par de sapatos dá-te alegria??!!!
- Voces homens nunca vão entender...
- Será que um psicólogo entende..
- Não sejas parvo. A vida pode correr muito mal. Podemos ter levado com os pés do nosso namorado imbecil. Podemos ter pisado cócó de cão. O chefe pode ter berrado connosco daquela maneira que até os cabelos esvoaçam tamanha fúria. Mas depois entramos numa loja, os olhos batem nuns sapatinhos, e esquece-se tudo! É um daqueles momentos à filme, em que a camara roda á nossa volta. Somos nós e os nossos futuros sapatos. Fazemos-lhe festinhas, dizemos «vou levar-te para casa, tomar conta de ti..» juramos-lhe amor eterno
- Arrgggggg...... Mesmo que depois fiquem fechados num armário meses a fio..
- Não importa. Um dia vão ter a sua oportunidade.
- Ou então não..
- Não interessa a sua simples existência é motivo mais do que suficiente para alegrar uma mulher.
- Coitados...
- Dos sapatos?
- Não, dos psicólogos no desemprego...



e depois assustei-me! Imaginei dezenas de lojas, todas elas sempre ao lado de uma sapataria e uma mulher em frente à montra completamente embevecida e a exclamar:
- Ah! Mas que bem que este moreno combina com os meus sapatos novos...

Só me pergunto, onde é que elas os vão guardar...

sábado, 20 de fevereiro de 2010

podia ainda ser outra coisa

Então é assim
uma vida não se vê de fora
varia consoante quem a vê
e o que vemos nos outros é muitas vezes(quase sempre) o que nos convém:
o que não temos e queremos ter
o que temos e não queremos ter
Uma vida nunca é aquilo que nos parece

e assim continuamos a não saber nada uns dos outros
por muito íntimos, por muito perto
estamos sempre do lado de fora
E de vez em quando alguém diz:
"Não sabes nada de mim"
E de vez em quando alguém ouve:
"Não sabes nada de mim"
e é dificil saber o que é pior.

E mesmo que a pessoa venha com uma biografia
falhamos na mesma
porque o mais terrivel de uma vida é a experiência do tempo
e talvez seja esse falhanço que torna as biografias necessárias
provam que a vida é suportável, ou seja,
pode ser sempre outra coisa

como a vida de Jane Digby
uma aristocrática inglesa nascida em 1807
falecida septuagenária em 1881
depois de ter vivido em mansões, grutas, tendas no deserto
de casamento em casamento, de amante em amante
deixou seis filhos, levados pela morte ou pelos ex-maridos
chegando á meia-idade sem nenhum
quando decidiu percorrer a Síria, tinha 46 anos
e foi então e só então
que finalmente se apaixonou para sempre
ele não era da sua raça
nem da sua religião nem do seu meio
nem da sua idade.
Ele mudou com ela e ela mudou com ele

A vida podia ainda ser outra coisa.