sábado, 27 de março de 2010

I wanna do bad things with you




Sabem qual é a diferença entre uma enoteca e uma eroteca?

A primeira distorce os sentidos, a segunda, apura-os...


E porque o dia da mulher é quando (um homem quiser) a mulher quiser, e quando a mulher quer, pode ser muito erótica, e quando a mulher é muito erótica, pode muita coisa, mas se a rotina e o trabalho lhe esgotam a libido e a imaginação, a Sexto Sentido resolve. A primeira eroteca a abrir em Portugal, e o principal objectivo é explorar o prazer de uma forma íntima e sem barreiras. Não, não é uma sex-shop. Aqui respira-se erotismo, sem descurar a sexualidade. Explora-se o prazer e sensualidade, de uma forma íntima e sem tabus.


E o que é isso de erotismo, perguntam as mais distraidas. Eu como homem diria que é ser surpreendido com um ambiente de média luz, tipo velas e castiçais à moda vampiresca. Um striptease ao som desta música, mas só até à lingerie. Apartir dai o strip passa a dois e de strip passa a dança mas... de olhos vendados, e as brincadeiras têm o limite que a imaginação quiser: banhos de champanhe, massagem indiana, chupa-chupa de chocolate, cubos de gelo, hortelã-pimenta, chá quente, vibrações, palavras sugestivas sussurradas ao ouvido, e isso tudo que estão a pensar e nem a vocês próprias confessam.


Pena esta eroteca ser só na capital, mas para quem está longe, e porque não um fim-de-semana (sexto)sentido?





as saudades que eu tenho deste genérico...

quinta-feira, 25 de março de 2010

e volto a ficar capturado

e quando fico capturado naquele momento meu, imagino a quantidade de coisas que existem entre mim e o meu futuro. Acho que não sei viver. Que não sei viver como os outros vivem. Sou um saloio. Não há dias iguais, e as cores não se repetem. Apetece-me sentir. Fascina-me. Como a primeira vez que os meus olhos tocaram o corpo nu de uma mulher. E neste preciso momento, no tempo que dura uma respiração, só me apetece olhar para ontem e imagino a quantidade de coisas que existem entre mim e o meu futuro

quarta-feira, 24 de março de 2010

Efeito Tim Burton

A príncipio pensei que fosse algum efeito especial. E depois esta moda dos filmes a três dimensões. Mas não, era mesmo um cão que estava ali, duas filas abaixo da minha. O cão seguiu o filme muito atentamente e com muito interesse. Ora comentava com o dono alguma passagem mais significativa do filme, ora ria a bom rir. E comovia-se nas passagens mais comoventes. E juro que até o vi bater palmas com as duas patas dianteiras.

Há saida do cinema não me contive e dirigi-me ao dono do cão:
- Olhe que o seu cão é formidável! A maneira como ele seguiu o filme, e como o apreciou!
- Pois - diz o dono do cão. - Isso espanta-me tanto mais quando ele não gostou nada do livro.

Só para que conste, o cão era um Fox Terrier.

terça-feira, 23 de março de 2010

Tudo é economia, já dizia Marx...até o amor.

Tenho a estúpida sensação que as pessoas vêem os sentimentos como uma doença e algo a esconder a todo o custo. A enterrá-los num buraco para se esquecerem que os tiveram.
E tenho a estúpida sensação que as pessoas já sabem tudo de tudo. Sabem tudo sobre sentimentos, sobre sexo, sobre drogas, sobre politica, sobre o Socrates, sobre a vida dos outros...
- Não sabes nada da vida... o teu mal é leres demasiados livros românticos.. - dizia-lhe ela.

e anda tudo numa correria louca.. numa ânsia...
numa ânsia de chegar primeiro
de sucesso, reconhecimento, dinheiro

- Amor? Sentimento? Paixão? Andas a ver filmes a mais... -dizia-lhe ela.
O sonho fora trocado pelo sonho de ser famoso, de aparecer, de ser conhecido em todo o lado. Adorada e aplaudida, e o resto é conversa. Ali não há lugar a sentimentos frustados nem o sofrimento de uma decepção amorosa. Isso é só para os tolos.

- Sabes porque te amo? -dizia ele.
- Porque sou bela?
- Não, porque tenho a impressão que consigo ler o teu coração...
- Ler!Ler!Ler! Passas a vida a ler! E se fizesses alguma coisa útil para variar? Agora não tenho tempo, tenho que ir, já estou atrasada. - e ele ficou a pensar de que é que ela tinha medo? Do sentimento? Do compromisso? Da decepção? Do sofrimento? Que mais valia a solidão de uma vitória, ao calor de um abraço? ou as palmas do público ao beijo apaixonado?
Uma vez olhei no rosto do amor e encontrei o espelho dos meus sonhos.
Com quem é que ela aprendeu a querer tão pouco?

sexta-feira, 19 de março de 2010

Gosto do teu Porto de Embarcações, das tuas Caixinhas e do teu Mutuar

"Porto de Embarcações.

Acordo com o soar do zumbido da vibração do telemóvel na mesa-de-cabeceira, atendo e:
- Espero por ti junto ao “Porto de Embarcações”…Desligo a chamada sem pensar, tendo a noção que ainda ouvi a tua respiração do outro lado antes de desligar.Viro-me para o lado e observo a luz que já brota da janela. Enrosco-me um pouco mais nos lençóis que, apesar do frio matinal, ainda estão quentinhos. Fecho os olhos e, subitamente, levanto-me da cama.Preparo-me para sair, saco a chave de casa e o mp3, tranco a porta e sigo pelas escadas do prédio. Desço-as e, ao chegar à porta de entrada, reparo que começara a chover há momentos antes. Sem hesitar abro a porta e saio, começando a minha corrida matinal mas recusando-me a ligar o mp3, basta-me o som das gotas que já me embalam e convidam a continuar o percurso… O mesmo percurso de sempre.Acelero um pouco mais o passo e a chuva parece que me acompanha na velocidade. Sigo pelo jardim, cada vez mais aviando o passo até que paro sem abrandar antes a corrida, inclino-me para a frente para tentar normalizar a respiração e, ao voltar a endireitar-me, sinto o teu respirar junto ao meu ouvido enquanto me sussurras:
- Qualquer sítio onde te encontro é o Nosso Porto de Embarcações…
- Ai sim? Tão, dizes-me lá porquê.
- Mesmo sabendo que já tu o sabes? – Perguntas-me.
Lanço-te um olhar como quem diz que sim e abraçamo-nos enquanto a chuva continua a cair sobre nós.
- Vamos para casa… – sugeres.
- Não antes de comprarmos algo para o pequeno-almoço.
No caminho para casa, paramos na pastelaria do costumo, quando ainda nem sete horas da manhã batem. Compramos uns donuts e seguimos o resto do caminho de mão dada enquanto ainda chove.Chegamos a casa e o silêncio parece que nos acompanha enquanto nos dirigimos para um banho quentinho.Acaricias-me o rosto enquanto suavemente te beijo a mão, deixamo-nos levar… quando já não caem as gotas de chuva sobre nós mas sim as do chuveiro. Enquanto estas nos percorrem o corpo contemplamo-nos num entrelaçar de corpos…Eis mais um Porto de Embarcações, onde as nossas almas se permutuam numa perfeita imperfeição de mistura unificada que cai e cresce sobre e em nós, como se nada mais fizesse sentido para além do que sentíamos quando embarcamos neste nosso porto...Cada toque, gesto, movimento, cada suspiro intenso parece mais cúmplice do que o anterior e menos que o seguinte e, entregues a nós, entregues um ao outro, acabamos por fazer amor…Quando parece que a chuva lá fora abranda com o regatear dos minutos, já deitados, tendo sobre nós os lençóis que nos deleitam as nossas formas corporais enquanto nos mantêm aconchegados, longe do chuvisco que outrora nos molhava, agora, observamo-nos enquanto o silêncio ainda paira no ar.Silêncio que é quebrado, muitas vezes, por um suspiro mais longo e profundo quando olhos nossos se fitam, quando tu tentas alcançar, num só toque, o que sempre escondo depois de fazermos amor.
- Porquê enroscaste dentro de ti quando em mim o podes fazer?Baixo o olhar enquanto me perguntas.
- Não te sou estranho, não sou ninguém que acabaste de conhecer, muito pelo contrário.
- Eu sei…
- Tão, porque foges de mim depois de fazermos amor?
- Estou aqui, não estou? Logo, não estou a fugir. – Retorquiu-te.
- Sabes que não é a isto que me refiro.
- Que queres que te diga?
- Nada… deixa-me apenas sentir-te, tocar-te sem que tentes esconder-te.
- Mas tu sabes que... – interrompes.
- Que não gostas, sei… Que preferes ficar apenas a trocar olhares em perfeita cumplicidade. – Acaricias-me o rosto – Quero-te tanto…Desces a mão pelo meu rosto fazendo deslizar em direcção ao meu peito. Passas-me a mão no meio dele e sustento a respiração por momentos… Subitamente agarro na tua mão e suspiro enquanto viro o rosto para o outro lado.
- Olha para mim…Abano a cabeça enquanto as lágrimas caem-me pelo rosto.
- Que temes tu? Achas que alguma vez te irei deixar por isto?Finto-te o olhar enquanto te pergunto:
- E se tiver que ser mesmo operada, se tiver que recorrer a uma cirurgia, vais continuar a olhar-me como me olhaste até agora?
- Eu Amo-te! E tal como não hesito em dizê-lo, não vou hesitar em olhar-te como sempre te olhei! Desde a primeira vez que me salvaste, desde a primeira vez que me agarraste em alto mar e levaste-me em teus braços para terra, me reanimaste e me sorriste com os olhos vidrados tal como agora. Olhos que, tal como naquele momento, reflectem-me neles. Não será isto que me fará deixar de te amar. Quantas vezes voltei eu ao mesmo sítio onde me salvaste pela primeira vez na esperança de te voltar a encontrar? Quantas vezes? Achas que foi apenas porque me salvaste? Não! Foi porque foi em teus braços que senti o que nunca tinha sentido antes… Senti-me vivo e foi pelo “pedaço d’alma”, como costumas dizer, – rimo-nos juntos por momentos
– …foi pelo “pedaço d’alma” que abdicaste de ti por mim, para me fazeres renascer que voltei lá. E tal como um puzzle precisa de todas as peças para ficar inteiro, eu preciso de ti para ficar completo.Sorrio para ti e enquanto te abraço sussurro-te:
- Meu pedaço d’alma reluzente – suspiro enquanto te abraço mais forte – complementas-me também.E como uma perfeita imperfeição de mistura unificada, voltamos a embarcar nos braços um do outro voltando assim a fazer amor, adormecendo após tal momento de entrega."

Escrito pela C. aqui onde as palavras tocam mais do que contam

segunda-feira, 15 de março de 2010

as mulheres, o homem e o urso (part II)

Fundamentação da metafísica dos costumes ou as minhas conversas com o Snow

Snow - Admiro-te!És um herói.
Eu - ......sou? Porquê?
- Sobreviveste a um momento fracturante e resististe à decadência que dai advinha.
- ....
- Há quem nunca se recomponha e nunca mais exerça a sua vida com a capacidade que até ai exercia. Não se pode morrer só de amor.
-....
- Mas não há dúvido que o amor é para os heróis. Só um herói tem a capacidade de sobreviver à memoria.
-....
- A memória é uma grande predadora e poucos lhe sobrevivem. Ou porque é que achas que a maior parte da humanidade se refugia no álcool e nos opiácios? O que magoa é lembrarmo-nos. Ter memória é ter coragem. Para abrir um espaço em nós, para que alguém ocupe a nossa memória, o nosso lugar de existir.
- Isso que tens no copo por acaso não é baccardi?
- Pstt! Não me interrompas. Onde é que eu ia?...
- ias lavar a loiça. É a tua vez.
- Insensivel...


Snow - Quando é que deste o teu primeiro beijo a sério?
Eu - Humm... tarde..
- Tarde?
- Sim. Era muito timido e achava que nunca iria beijar e ia morrer virgem.
- Então era por isso que tinhas aquele sonho recorrente?
- Que sonho?
- Aquele em que sonhavas que eras agarrado à força e violado por uma mulher voluptuosa.
- Não te chega seres urso...também tens que ser parvo.
- ahahahahaah!
- Mas eu esperei e valeu a pena, porque sempre que beijo uma mulher é como se fosse a última vez e..
- ..e como se fosse uma urgência.Um medo de que acabasse e já uma consciência de que era para acabar, no sentido em que, ainda que durasse a vida inteira, ia ser pouco..
- Tens noção de que ás vezes és insuportável?
- Tenho, mas podes sempre ir lavar a loiça por mim



- As nossas tragédias não se interropem! Ainda roidos de dor, podemos ter momentos de estranha elevação e abraçarmos histéricamente uma alegria. Ficas com a consciência de que aquela emoção agride, porque é uma traição ao que se devia sentir! Porque a pessoa que perdeste merece que sofras por ela!
- hmmm, vou buscar um baccardi, queres?
- Com muito gelo. Mas é o instinto de sobrevivência, porque quando te dás conta, começas a permitir-te pensar em outras coisas. Perceber a amizade! Perceber que se pode amar de várias formas e mais do que uma pessoa!
- SNOWWWW!!!JÁ NÃO HÁ BACCARDI?????
- No fundo, no fundo, melhorar é uma traição!
- Se tens instinto de sobrevivência, é melhor que a garrafa de baccardi apareça cheia dentro de cinco minutos...
- ...mas porque é que estás a correr atrás de mim?? Não te esqueças que devemos correr para a felicidade!e que a pena para quem intenta contra uma espécie em vias de extinção é....

domingo, 14 de março de 2010

as mulheres, o homem e o urso


Fundamentação da metafísica dos costumes ou as minhas conversas com o Snow


- é um inferno com elas e pior ainda sem elas.
- há mulheres muito frias, mas nós temos uma boa pelagem.
- a melhor coisa é matá-las enquanto se pode.
- bébés e fraldas sujas.
- unhas e palavras afiadas.
- cheirosas e fofinhas
- quem???
- não conheces.
- chapadas, joelhadas e cabelos brancos
- sogras
- de vez em quando, penso nela o tempo todo.
- só não percebo porque é que ainda não és um gigante.
- gigante?? Porque?
- estás sempre a dizer que a dor te faz crescer
- pois faz! já devia estar maior do que tu... para um urso, não tás mal de sentido de humor
- queres que te conte uma piada sobre pinguins?
- adianta dizer não?


- amo-a
- não sejas ridiculo, amor é uma palavra para luxúria, mais luxúria e comportamentos idiotas.
- mas tu és um urso, como é que sabes isso??
- basta olhar para ti.
-(...)
- mas não te preocupes que um par de idiotas raramente morre de amor
- raramente??
- alguns distraem-se e são atropelados


- foste tu que pintaste isto??
- gostas?
- não sei... o que é que significam estas manchas?
- a negatividade do universo. O abominável e solitário vazio da existência. O nada. A condição do homem forçado a viver uma árida eternidade desprovida de Deus, como uma breve chama piscando no imenso vácuo. Horror e degradação, camisa-de-forças num cosmos negro e absurdo..
- então não te importas se eu te disser que essas manchas são de baccardi..
- entornaste baccardi no meu quadro???!!!
- não. Apenas acrescentei um pouco de negatividade ao universo...


- que é que vais fazer este sábado à noite?
- cometer suicídio
- ok, mas depois não te esqueças de limpar tudo


O meu amigo Snow ball e o Flokinho

sexta-feira, 12 de março de 2010

Homens, mulheres, cães, compromisso, dinheiro...

Eu - Então, que cara é essa?
Ela - São voces homens, cada vez mais parvos e infantis.
- hummm...e que é que ele fez desta vez?
- nada.
- nada?
- nada.
- é mesmo parvo, com uma mulher como tu e não faz nada...
- não sejas parvo tu também.
- jeesus!Estás cá com um sentido de humor... e nem sequer és benfiquista.
- Hahahaha. Perderam?
- Não. Empatamos.
- Menos mal.
- Mas diz lá, porque é que estás com esse sentido de humor tão corrosivo? Olha que isso faz-te mal á pele...
- Antes fosse feia e não tivesse tantos homens a chatear.
- E isso é mau?
- É, quando gostas de um deles e ele depois não quer assumir nada. Não vos percebo... andam tanto tempo atrás de uma mulher, e quando ela repara nele, foge...
- Humm, como os cães que desatam a correr atrás de um carro feito loucos e depois fogem quando ele para?
- Ahahahahaah!É mesmo isso!
- Eu normalmente não paro, sou atropelado...
- Ahahahahaha
- E nem sequer param para ver como é que fico.
- As mulheres a conduzir são muito distraidas. Mas não me pareces em muito mau estado.
- Tenho evitado a estrada.
- Ui! O menino anda muito discrente no sexo feminino. Olha que nem todas são assim tão más condutoras.
- Pois não. Mas são cada vez mais materialistas. Chego à triste conclusão que as mulheres não gostam verdadeiramente dos homens. Gostam do dinheiro. Quem gosta de homens são os gays.
- ahahahahahahaha! parvo! Mas olha que eu não sou dessas.
- Não? Se nunca tivesses que pagar por sapatos a tua vida toda, aceitarias ter apenas um orgasmo por ano?
- ....
- HESITASTE!!! Materialista!!!!!!!

sábado, 6 de março de 2010

A verdade

Uma donzela estava um dia sentada à beira de um rio, deixando a água do rio passar por entre os seus dedos muito brancos, quando sentiu o seu anel de diamantes ser levado pelas águas. Temendo o castigo do pai, a donzela contou em casa que fora assaltada por um homem no bosque e que ele arrancara o anel de diamantes do seu dedo e a deixara desfalecida sobre um canteiro de margaridas. O pai e os irmãos da donzela foram atrás do assaltante. Encontraram um homem no bosque a dormir. A donzela apontou para o homem deitado na erva que logo foi morto sem sequer acordar. Mas o pai e os irmãos da donzela não encontraram o anel de diamantes. E a donzela disse:
- Não era um homem, eram dois!
E o pai e os irmãos da donzela saíram atrás do segundo homem, encontrando-o mais à frente no bosque e apenas com uma indicação do dedo da donzela, matam-no, sem sequer o deixar falar. Mas este também não tinha o anel de diamantes. E a donzela disse:
- Então está com o terceiro!
E o pai e os irmãos correram atrás do terceiro homem. Encontrando-o mais à frente, a pescar no rio. mas não o mataram, pois já estavam fartos de sangue. E levaram o pescador para a aldeia. Ao revistarem o pobre homem, encontram o anel de diamantes, para espanto da donzela!
- Foi ele que robou o anel de diamantes da donzela! Gritaram os aldeões.
- Matem-no!
- Esperem! - Gritou o pescador, no momento em que lhe passavam a corda ao pescoço.
- Eu não roubei o anel. Foi ela que mo deu!
E apontou a donzela, diante do escândalo de todos.
O homem contou que estava à beira do rio, pescando, quando a donzela se aproximou dele e lhe pediu um beijo. Ele beijou-a. Depois a donzela tirou a roupa e pediu e pediu que a possuísse, pois era virgem e queria saber o que era o amor. Mas como o pescador era um homem honrado, resistira ao desejo, e disse à donzela que devia ter paciência, pois conheceria o amor com o seu marido, no leito de núpcias. Então a donzela oferecera-lhe o anel, dizendo: « já que os meus encantos não te seduzem, compro o teu amor com este anel». E o pescador sucumbira, pois era pobre e passava fome, e a necessidade é o algoz da honra.
Depois do relato do pescador, todos se viraram para a donzela e gritaram:
- Rameira! Impura! Demonio!
E exigiram a sua morte. E o proprio pai da donzela, pos a forca no pescoço da filha. E antes de morrer disse a donzela para o pescador:
- A tua mentira foi maior que a minha. Eles mataram pela minha e vão matar pela tua. Onde está afinal a verdade?
Ao que o pescador retorquiu:
- A verdade é que eu encontrei o anel na barriga de um peixe. Mas quem acreditaria nisso? O povo quer é sangue e não histórias de pescadores.

Uma de muitas história contadas ontem, na Maré de Contos, a decorrer em Tavira.
Hoje ainda podem a Leitura Encenada: "A fábrica de Nada" de Judith Herzberg, orientada por Vitor Correia, na Biblioteca Municipal de Tavira, pelas 21:00.

quarta-feira, 3 de março de 2010

A triste idade

Há tempos vi num programa de televisão (as tardes da Julia, salvo o erro), uma senhora viúva, que esteve casada mais de cinquenta anos até a morte lhe ter levado o companheiro. Que foi o único homem da sua vida e que não queria mais nenhum. Interpelada pela apresentadora do programa, explicou (muito timidamente, porque nunca tinha falado destas coisas com ninguém) porquê: que não queria mais nenhum homem na sua vida, porque nunca gostou de sexo. Que era um castigo e o que teve com o falecido, teve por mera obrigação.



Hoje de manhã, observo uma senhora coberta de negro, com mais rugas no rosto do que eu tenho em anos de vida. Estava pacientemente a tentar levantar dinheiro de uma caixa multibanco, com a ajuda da neta. Calculo que tenha sido por falhar as três tentativas de digitar o código correcto, que fez com que a máquina não devolvesse o cartão da senhora. A sua atitude perante a máquina é de uma total aceitação. Ficou prostada em frente à máquina, completamente imóvel, durante uns longos segundos. Provavelmente não tem dinheiro consigo, e não vai poder fazer as compras de mercearia de que tanto necessita. Isto tudo sem o mais pequeno pio, ou sinal de revolta. Com uma mansidão resignada que tem séculos.



Mas não sei se me chocam mais estas duas tristes realidades, se esta terceira. De uma senhora também quase centenária, que se emociona e chora, só por dizer o seu nome a uma plateia de outras senhoras e senhores idosos. Porque em muitos anos de vida, nunca teve a atenção de outras pessoas. E só era pedido à senhora que se apresentasse.... só isso, que nos dissesse o seu nome e idade...e a senhora começa a chorar... porque nunca teve muitas pessoas a ouvi-la. Porque nunca teve atenção

e tão rápido como disse o nome, limpou as lágrimas e sentou-se imóvel na sua cadeira, sem dizer mais nada

terça-feira, 2 de março de 2010

É sem tirar nem pôr!

Não sei se é da minha mente perversa, ou se é mesmo da língua portuguesa. Ou do decote generoso....Mas quando uma menina muito solícita, atrás do balcão de uma dependência bancaria usa expressões como:
- Mas não duvide! É sem tirar nem pôr!
- hummm...
- Quer que lhe faça uma simulação?
- ....(sim, confesso que corei...) não, não se incomode, os beneficios estão à vista.

e depois já na rua imagino o metro em hora de ponta, e um frustado sexual para a pessoa colada a si: «obrigado pela parte que me toca»

Ok, é da minha mente perversa...