segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

sábado, 27 de dezembro de 2008

a tasca da D. Irene

- O amor não existe.
- Existe.
- Tens provas?
- Tenho. Está fechada numa caixa branca. Na terceira gaveta da cómoda.
- Tens sorte. As minhas estão soltas. Algumas deitei-as ao rio, mas voltam sempre em sonhos.
- O amor existe. Mas não a pessoa.
- E parece sempre a mesma.
- E se calhar é. Mas não existe. Passamos a vida a apaixonarmo-nos por pessoas que não existem.
- E a fome?
- A fome existe! Estou cheio dela!
- Eu também!
- E este cheirinho a cozido?
- Existe!É da tasca da Dona Irene!!
- E o último a chegar paga o cafééééééé!!

o pão por comprar

Os meninos a chamar. O senhor a cair. Os meninos a gritar. O natal a chegar.As pernas a correr. O coração a Tremer. O ar a queimar. Calor a vazar. Os olhos muito abertos. O que faço agora? Não entres em pânico. Respira fundo. Os meninos a gritar. O medo a gritar. O cheiro a gritar. Pânico a queimar. Ar a faltar.
- Calma!Tenham calma!Não mexam no senhor!Calma!O que aconteceu?
- O senhor ia a passar e derrepente caiu!
Caiu. Partiu. Ente. Inconsciente. Tenho sangue nas mãos. Não mexer. Pô-lo de lado. Respiração. Coração.Tem pulso.
- Depressa, chamem o 112!! Gritos. Medo. Tremo. Sangue. Abano-o!Grito! Tremo. Medo.
- Acorde!!Acorde!!Está-me a ouvir?? Os olhos mexem. Os olhos mexem.A boca mexe. Contorce-se. O ar é fétido. Mexe. A boca mexe. Contorço-me.
- Está-me a ouvir? Como se chama? Está-me a ouvir?Diga-me o seu nome.
O cheiro. Verdadeiro.Podre. Odre.Gelado. Abraçar.Calado.Tu outra vez. O frio Arrepio. Tu. Vai te embora. Não. Outra vez não.Vai te embora.
- Al..ino..
- Como?Alberto?
- Albertino.
- Sr Albertino, o senhor caiu. Não se mexa. Está tudo bem, já chamamos a ambulância. Está tudo bem. Está tudo bem. Segura-lhe a cabeça. Mantêm-no acordado. Está tudo bem. Não tenhas medo. Desta vez não. Está tudo bem. Amanhã é natal. Está tudo bem. Segura-lhe a cabeça. Limpa-lhe o sangue. As mãos estão frias. Não está ninguém em casa. Amanhã é natal. Está tudo bem. Não comprei pão. A casa está fria. Segura-lhe a cabeça. - É o senhor Albertino! É ali do lar.
- Senhor Albertino! Senhor Albertino!Está-me a ouvir? Olhe para mim. Sabe que dia é hoje? Consegue mexer as pernas? Sente tonturas? Têm dores? Têm frio? Têm familia? Têm afecto? Têm sangue.T~em alguem?Têm carinho? Têm fome? Senhor Albertino?! Senhor Albertino?! Está-me a ouvir??Não! Tu não! Fétida. Vai te embora. Amanhã é natal. Vai te embora. Está tudo bem.Nauseas. Ar. A queimar. Latejar. Sangrar. Rodopir.Abanar. Abanar. Senhor Albertino!! Senhor Albertino. A queimar. Abraçar.Latejar. A Chorar. Segurar. Marejar. Apertar. Sangrar. Largar. Largar.
- Afaste-se!
Cruz. Vermelha. Sangue. Maca. Médico. Ar. A queimar. Rodopiar. Amanhã. Natal. Frio. Cio.Eu.Tu. Frio.Ar. Travar. Queimar. A chocar. Os meninos a chamar. - Albertino a chamar. Caiu inconsciente. É do lar. É sozinho. Fraquinho. É magrinho. Sem mobilia, nem familia.
- Comeu alguma coisa?
- Não quis comer...
- Senhor Albertino?Consegue ouvir-me? Consegue mexer as pernas? - Tragam a maca! Senhor Albertino? vamos leva~lo para o hospital. O senhor é da familia?Vêm connosco?
- Não. Falta de ar.O senhor Albertino não têm familia. Vive no lar.
- Ok!Quando tiver baixa contactamos o lar para o virem buscar. Obrigado.
- ...nada...
A sirene a tocar. Frio a queimar. Sirene a chamar. O pão para comprar. Alguém a chamar. O frio a alastrar. O natal a chegar. O senhor a chamar. A mão a sangrar. O senhor a chorar. Os meninos a chamar. A sirene a tocar. O pão por comprar. O frio à alastrar. O corpo a abanar. O senhor a chorar. O frio a rachar. O natal a chegar. O pão por comprar. O pão por comprar

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Conto de Natal



Era uma vez um menino chamado Tiago, que vivia num palácio, mas ele não tinha amigos.
Quando chegava o dia de Natal, ele chorava e ficava triste por não ter amigos. A mãe e o pai eram maus para ele e batiam-lhe.
..
Tiago não andava na escola porque ele é que tinha que fazer tudo em casa.
Ele não tinha felicidade, nem paz, nem alegria.
No dia de Natal os pais iam sair e divertir-se com os seus amigos e Tiago tinha que ficar sozinho em casa. Quando os pais chegaram da festa de Natal e viram Tiago a chorar, gritaram com ele e bateram-lhe.
...
Depois disso, Tiago fechou-se no quarto e pôs-se à janela a ver as estrelas. De repente viu uma luz incandescente no céu... era uma estrela cadente. Tiago sabia que quando se vê uma estrela cadente , podemos pedir um desejo. O desejo que Tiago pediu foi ter uns pais novos, que o tratassem bem.
..
Passou-se o Natal e o dia de Ano Novo e nada...
O Tiago até pensava que a história da estrela cadente era mentira.
Mas... num dia lindo, cheio de sol, um casal, Carla e Alexandre, que não tinham filhos, souberam que Tiago era um menino triste. Então procuraram incessantemente por ele até que foram ao palácio, onde o encontraram muito triste.
..
Então convidaram-no para ele ir com eles andar de carrossel na feira. No dia seguinte, foram buscá-lo para irem ao jardim zooógico e assim sucessivamente.
Cada vez o Tiago gostava mais de Carla e Alexandre.
Um dia perguntaram-lhe se ele queria ter outros pais e Tiago respondeu que sim, porque os seus pais tratavam-no mal.
..
Carla e Alexandre perguntaram-lhe se ele queria ir morar com eles, mas disseram-lhe que tinha que deixar o palácio e passar a viver numa casa bem mais pequena e menos rica.
E Tiago respondeu: "Não faz mal.. pelo menos vou ter pais meus amigos e que me tratam bem, vou ter amigos e ser mais feliz."
E assim acaba a história de Tiago, um menino que já passou por um Natal em perigo, mas que agora descobriu o que é verdadeiramente o Natal, onde a riqueza não é tudo.
..
FIM
..
Fabiana, 11 anos
"O Natal está em perigo, Contos de Natal pelos meninos da associação Uma Porta Amiga"(à venda por €1,50)
..
Eu e os meninos da Porta Amiga, desejamos a todos umas:

ficção #2 como o mais delicioso e doloroso dos mistérios

...
- Julguei que não vinhas.
- Vim porque te quero demonstrar que estavas enganada.
- E eu a pensar que tinhas vindo porque te apetecia ver-me.
- Estive quase para me enfiar dentro de um cinema para não te ver hoje.
- Porque?
- porque tinha medo que tivesses razão.

- E como é que me vais demonstrar que estou enganada?
- Simples. Com o tempo.
Aproximou-se e pegou-me na mão. Acariciou-me a palma em silêncio. A mão tremia-me. Surpreendi-me a mim mesmo a desenhar mentalmente o contorno do seu corpo. Desejava tocá-la e sentir a pulsação a arder-lhe debaixo da pele. Os nossos olhares tinham-se encontrado e tive a certeza que ela sabia o que eu estava a pensar.
- É estranho.
- O quê?
- Esta facilidade de falar à vontade e sem reservas com um estranho.
- Talvez porque um estranho nos vê como somos, e não como quer acreditar que somos.
- E como me vês tu a mim?
- Como um mistério
- Porquê um mistério?
- Fico inquieto com um mistério. Um mistério esconde qualquer coisa.
- Se calhar decepcionas-te ao ver o que lá há escondido.
- Se calhar surpreendo-me...

Invadiu-me um desejo quase doloroso de a beijar. Uma ânsia sofucante. Ela leu-me o olhar.
- Está a ficar tarde. Tenho que ir.
- Sim.
Uma parte de mim desejava ficar, perder-se naquela estranha intimidade.
Despedi-me dela agradecendo-lhe o serão. Ela aproximou-se e beijou-me delicadamente a face. Olhámo-nos em silêncio e num assomo de coragem mal roçando os lábios beijei-a levemente. Mal os nossos lábios se tocaram, afastou-se e baixou o olhar.

- Até amanhã.
- Até amanhã.
Virei costas e dirigi-me ao carro em passo acelarado. O ar gélido roçava-me o rosto mas não apagava o calor do rosto dela, nem o seu cheiro. Conservei o sabor dos seus lábios e do seu hálito sobre a pele por ruas repletas de gente apressada sem rosto. E de repente ocorreu-me.. o nome! Ela não o disse! O nome..

domingo, 21 de dezembro de 2008

I've got so much beauty around me


Huge eyes
Know I'm missing

Sticking like toffee to my teeth

Wait, watch, gravitate
Grab hold of, insulate


And who did I
Who did I
Hear shout
I've got so much beauty around me I can't move

I've got so much beauty around me I can't lose

Toffee pot
So sticky

sábado, 20 de dezembro de 2008

Cultura e diversão

Este fim de semana em TAVIRA

•••Música•••
Sábado, dia 20, às 21h30, na Igreja do Carmo, há música com a presença do Coro Gregoriano de Lisboa, Grupo Coral de Tavira e Psalyte Chorus.
Segunda-feira, dia 22, às 17h30, na Igreja da Misericórdia, apresenta-se «Sacrum Presepium», recital de canto e instrumentos solistas.
Terça-feira, dia 23, às 17h30, na Igreja da Misericórdia, recital com o «Quarteto Intermezzo».
Quarta-feira, dia 24, às 15h00, na Igreja da Misericórdia, concerto por Brigit Wegemann e Gonçalo Pescada.
•••Jazz•••
Domingo, dia 21, às 22h00, no Clube de Tavira sessão de jazz de Natal
•••Chocolate•••
Até ao dia 21, na Galeria André Pilarte, decorre uma exposição de chocolate, numa organização da Associação Baixa de Tavira.
•••Cineclube•••
Quinta-feira, dia 18, às 21h30, no Cine-Teatro António Pinheiro, o Cineclube de Tavira apresenta o filme «Mal Nascida», de João Canijo. Maiores de 18 anos.
Segunda-feira, dia 22, projecção do filme «A Última Valsa», concerto de despedida dos The Band, de Martin Scorcese. Maiores de 6.
Sexta-feira, dia 26, o filme «Do Outro Lado», de Fatih Akin. Maiores de 12.
•••Música nas igrejas•••
Sábado, dia 20, às 18h00, na Igreja da Misericórdia, concerto com Luís Conceição (piano). Sábado, dia 27, às 18h00, na Igreja da Misericórdia, concerto com Ricardo Coelho (piano).
•••Palácio da Galeria•••
No Palácio da Galeria/Museu Municipal, está patente a exposição «Tavira: Patrimónios do mar». Pode visitar, também, a exposição «Últimas linhas», de Margarida Palma, patente até ao dia 17 de Janeiro.
•••Mini-feira•••
Sábado, dia 20, entre as 11h00 e as 18h00, no Mercado da Ribeira, decorre a mini-feira «O nosso Natal», numa organização da Associação de Artes e Sabores de Tavira.

Apareçam!
E para quem gosta de chocolate recomendo a exposição na galeria André Pilar e contem também com um workshop! Sim! De chocolate!!!

BOM FIM DE SEMANA!

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

أفتقدك



رقر

Conversas de café

..

ATENÇÃO: linguagem explícita.

O que eles dizem
-Não sei muito de mulheres para dizer a verdade.
-Saber, ninguém sabe, nem Freud nem elas próprias, mas isto é como a electricidade, não é preciso saber como funciona para apanhar um choque.
-Se as mulheres conseguissem gostar do que gostariam de gostar, seriamos todos felizes.
- As mulheres levam muito tempo a fazerem o que querem, e quando fazem, já nós estamos velhos...

O que elas dizem
- É patético! Apaixonam-se assim, do nada.
- Não tens pena?
- Não, já me habituei. Ás vezes vou para a cama com eles, só para os sossegar. Gosto de foder, mas farto-me. Os homens ficam muito agarrados. Depois querem todos casar. parece que nunca deram uma boa foda.
- E perdes a paciência, né?
- E ponho-os logo na rua (risos). E depois juro que não me deito com mais nenhum que não ame, de preferência com quem não queira ir para a cama comigo.
- Como se isso existisse...
- Mas nunca cumpro. Foder faz falta, mas às vezes é uma forma de carinho... outras uma maneira de passar o tempo.. não estar sozinha...
- Acabamos por nos convencer que os homens querem todos saltara-nos à cueca.
- E os homens convencem-se que é isso que têm de fazer...
- E dizem sempre "quero dormir contigo" em vez de "quero ficar acordado contigo"
- Sim, como se fizesse alguma diferença (risos)

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

soulmates

- quem és tu?
- a tua alma
- mas como??
- como o quê?
- como é que te estou a ver e a falar contigo?
- estás-te a ver a ti próprio e não estás a falar, estás a sonhar.
- ah, então isto é um sonho... mas parece tão real..
- porque eu quis.
- como assim?
- porque precisas saber que a tua alma não é para cuidar de ti. Tu é que tens de tomar conta dela.
- tomar conta dela?
- sim, a tua alma tem fome como tu, mas fome de lembrança, amor, alegria, paz, serenidade. E eu não sou tua. Fui-te emprestada. E tu em vez de agradeceres, tentas gastar-me.
- tento gastar-te?como?
- os corpos têm a mania de tentar chegar ao fundo das coisas. Nós não estamos no fundo de nada, pelo contrário, estamos muito à superficie. Se a tua alma te foi dada, foi para tentares dá-la. Não interessa não conseguir, basta tentar. Se dizes "meu amor", como podes pensar que seja só teu? Diz apenas "amor" e procura dá-lo. Goza a vida e deixa a alma em paz. A vida é uma circunstância. É parecida contigo. Mas a alma escapa-te. Escapar te-à sempre.
- já viveste em muitas pessoas antes de mim?
- penso que sim. Sabes, as almas não tem memória e não sentem, só quando habitam um corpo. Mas sei que já vivi em pessoas que não me deram uso.
- e a minha alma gémea?
- a tua alma gémea está no corpo que te chamar pelo nome.
- pelo nome??? Mas há muitas pessoas que me chamam pelo nome??
- a entoação. Presta atenção à entoação
- à entoação... Só isso? Tens a certeza? alma?? alma?? estás ai? que luz é esta?




é o que dá adormecer com a luz acesa....

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

It's good to warm my bones beside the fire


Frio, volta, estás perdoado.
Antevejo longos serões em boa companhia.
Jonhie Walker red lable de preferência a música pode ir variando



You burn like a bouncing cigarette

domingo, 14 de dezembro de 2008

As altas árvores da minha infância

A luz intensa. O sol a cegar. O menino em cima da árvore. O pai a chamar. A loucura na ponta dos dedos. Uma dor velha. A estupidez das pessoas. A música alta. É preciso comprar cerveja. Esqueço o nome das altas árvores da minha infância. As gipsófilas da minha mãe. Pés descalços na terra fofa. Avaria nos sentidos. Uma varanda com sol. Doença do coração. O pai a chamar. A geleira vazia. O elevador que não chega. Um sorriso entre parêntesis. Não consigo parar. Corro. Policia. Ladrão. Sem perdão. Como um mapa de um tesouro escondido que já não existe. Decoras-me. Viro-me ao contrário. Revolta-me. Os tristes olhos no rosto alegre da minha mãe. Deixo sair. Os corpos estranhos a entrar. O pai doente. O cheiro do detergente da roupa na tua pele. O orgasmo e o riso de Deus. A saliva a pingar da tua boca. Cada dia é uma vida. Gasto vidas todos os dias. A cerveja morta no copo vazio. O pai a chamar. A loucura administrada. O medo suspenso. O gosto do amor que não se faz. A ferrugem das âncoras. A porta fechada. O ódio entre irmãos de sangue. O sangue no lençol. Não consigo parar. O pai a chamar. O murro vazio que me faz vomitar o ar que respiro. Faço a barba. Não faço o coração. O céu indiferente por cima das árvores da minha infância. O pai a chamar. O menino a sorrir.

sábado, 13 de dezembro de 2008

e ainda se queixam!

Incrível o que se aprende num diálogo de uma qualquer telénovela

- Está? (pergunta António a medo)
- Quem fala? (pergunta Rita)
- Não me digas que não sabes. (diz ele arrogante)
- Não me digas que é o Carlos. (diz ela sabendo perfeitamente quem é)
- Quem é o carlos? (Pergunta ele com voz de Muro das lamentações)
- Ah! és tu António... (diz ela em tom de quem vai à porta na esperança de ver o amante secreto e encontra o padeiro com a conta do mês)
- Desculpa estar a telefonar tão tarde... (tradução: têm dó de mim)
- Não faz mal. (tradução: metes dó)
- Queria só falar contigo... (Só?! Como se falar com alguém fosse tão insignificante como um copo de água daqueles que não se nega a ninguém!)
- Aconteceu alguma coisa? (António lamenta-se não ter sofrido um acidente de viação)
- Estou outra vez com pontadas no coração... (e quem não têm?? Basta ver um qualquer jogo do Benfica!)
- Isso são gases (diz Rita... mentira, fui eu que disse)
- Tens de ir ao médico, António.
- Amo-te Rita. (o quê?!!Eu não disse que eram gases!)
Ouve-se a respiração da Rita no outro lado da linha.
- Também-te amo... (e é assim, diz-se amo-te como quem diz bom dia e o pior é que se responde da mesma maneira a um bom dia, ou seja com um amo-te também...)
- Mas não dá António, não dá.. (pois, mas a asneira já está feita. Antigamente uma rapariga diria: «és um querido mas infelizmente amo outro homem» Quer dizer, não desta maneira tão pindérica mas também já me esqueci da forma mais correcta)
- Era só isso que eu queria ouvir (lá está, a tal asneira lá de cima)
- Não me telefones mais.
- Está bem, amanhã vou esperar-te ao escritório.
- Não quero que me vás esperar nada!
- Não és obrigada a falar.
- Ai podes ter a certeza! (responde Rita desligando o telefone e volta para a cama. E faz uma coisa inexplicável! Sorri.

E as mulheres ainda se queixam que se diga mal delas. FRANCAMENTE!

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

mais pelo silêncio

Uns são aqueles que falam verdade. Que perguntam aquilo que temos necessidade que saibam e respondem não aquilo que gostamos, mas o que precisamos de ouvir.

Outros são aqueles que estão quando podem. Quando lhes dá jeito ou quando acham graça. São igualmente divertidos e até parecem amigos mas não são. São conhecidos, ou simplesmente pessoas queridas. Mas não são amigos. Não se têm com eles todas as conversas. Nem conversas com o coração.

Uns e outros conhecem-se mais pelo silêncio do que pelas palavras. O silêncio é bom e traz muita paz. Não tropeçamos nas palavras e o olhar nunca se perde. Vai direito ao essencial.

Para além do silêncio, das palavras e dos gestos, há outras maneiras de saber quem são os amigos. Conhecem-se pela íntimidade mas também pela liberdade. Por seguirem o seu caminho e nos deixarem seguir o nosso. Estão por nós, mas não vivem a vida por nós. Seguram-nos mas não nos prendem. Sabem que precisamos de estar livres e dão-nos essa liberdade.

Sei porque sinto. A amizade é como o amor. A vantagem na verdadeira amizade é que existe menos posse, menos ciúme e mais liberdade.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Há fragmentos de luz que só existem numa intíma fracção

Ontem vi uma fotografia inimaginável no horizonte.
Hoje já lá não estava.

O divórcio

10 de Dezembro de 2018

José e Maria estavam casados desde sempre e eram muito felizes. Um dia Eva, a filha mais velha, entra em casa vinda da escola e desabafa:
- Vocês nunca discutem?
- Claro que discutimos filha, mas depois fazemos as pazes.
- Que grande séca! Os pais do Moisés estão sempre a discutir e vão se divorciar. E os pais da Madalena já se divorciaram há um ano.
- Mas filha...
- Todos os meus amigos ou têm problemas com as madrastas ou padrastos fixes. E vocês sempre na boa!! Já não aguento mais a vossa felicidade! Sempre tudo bem! Sempre sorrisinhos e beijinhos! Nem um pires partido!!!AARRRGGGGGGGGGGGGG!!!

José e Maria amavam a filha sobre todas as coisas. Aquilo não podia continuar assim. E tomaram uma resolução.
No dia seguinte ao almoço:
- Parva não!!! Gritou Maria erguendo-se da mesa com uma faca na mão.
- Parva sim! Ahahaha!! Pensas que essa faca me assusta?? Anda cá que te arrebento toda!
Maria avançou...
- Mãe, não!! Gritou Eva saltando da mesa. Corre para o quarto, bate com a porta e agarra-se ao telemóvel:
- Estou Madalena? Os meus pais estão a discutir!! É horrivel! Estão a partir a loiça toda! Meu deus, é horrivel!!

Num Motel, junto á estrada.
- Achas que ela desconfiou? (perguntou Maria tirando o casaco)
- Acho que não. (respondeu José despindo as calças)
- Será que fizemos bem?
- Acho que sim. Assim já nao se sentirá uma ave rara na escola. Nem os colegas gozam com ela.
- O Pedro disse que agora o divórcio é rápido.
- Sim, agora é na hora. Será que algum dia vamos poder voltar a viver juntos?
- Agora só quando a Eva sair de casa. E já não precisaremos de manter as aparências.
- Sim amor, agora anda cá, beija-me. Hmmm... lingerie leopardo..
- Oh querido, faz o truque dos pés... faz.. ohhhhh

sábado, 6 de dezembro de 2008

13


Fui apanhado no meio de uma festa de aniversário, no café aqui do bairro. Ao que parece uma adolescente fez 13 anos.
Confesso que fiquei com inveja. Do tempo em que tudo era novidade e sabia a descoberta. Quando tinha treze anos, o mundo era mais simples. Tinha mais cor. As palavras mais significado e as pessoas mais verdade. Ou era a ingénuidade da idade. E no entanto não podia dizer que fui um rapazinho feliz. Gostava de estar sozinho e encontrava-me prisioneiro de duas estruturas rígidas. A escola e a família. Lembro-me de passar os meus verdes anos num grande estado de inquietação, à beira da revolta. Estava apaixonado por uma rapariga, mas não era correspondido. E não fazia ideia do que era a paixão. Não tinha a mais pequena ideia do que é que se fala quando se fala de amor. Era tímido e desajeitado. O meu melhor amigo era um cão ainda mais desajeitado do que eu. E depois estava mentalizado que o sistema de valores dos meus pais e professores estava errado. Só que não conseguia traduzir por palavras esse meu protesto. Nada do que o que eu fazia parecia funcionar. Nem com o amor nem com os meus valores.

Mas a verdade é que tinha uma paixão enorme em viver. Os cheiros andavam no ar, a descoberta das sensações e até das lágrimas. Eram quentes e as raparigas criaturas de sonho.
Mas agora ao olhar para esta adolescente, não só sinto inveja mas uma certeza. A certeza de um amor não correspondido e de um rapazinho que foi feliz sem o saber.

e esta que não me sai do ouvido

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

o pior é que chorar de alegria não conta...

Finalmente descobriu-se porque é que as mulheres vivem mais tempo que os homens!
O choro!

As mulheres choram de uma forma compulsiva, pública e não ocultam!Tudo cá para fora, agora e já está! Não conseguem evitar, é mais forte do que qualquer outro sentimento. E por vezes uma arma letal. Quem é o homem que não se derrete ao ver uma mulher chorar? (tirando estes: Kim Jong II,Dmitry Medvedev,Robert Mugabe,António Nunes,Manuela Ferreira Leite).
Não é por acaso que as mulheres sofrem menos de doenças cardiovasculares e ainda menos de stress, quando comparadas com os homens. As mulheres aliviam a pressão do dia à dia e as frustações da vida (não poder comprar aquelas botas fantásticas devido à crise), pela via do choro (e também da fala).

Pior estamos nós, homens, que sempre nos gabámos de não chorar, ou de exprimir os sentimentos (excepto quando o benfica perde ou empata). Batemos com a porta, damos cabeçadas nas portas e insultamos o cão da vizinha (mesmo quando este não ladra), mas não choramos. Reprimimos o choro, mandando-o voltar para dentro, junto dos sentimentos frustados e depois? Continuamos frustados, Stressados, à beira de um ataque de nervos.

Sempre nos ensinaram a não expressar os nossos sentimentos mais sinceros, que isso é coisa de menina. Homem que é homem, não chora... morre de ataque cardíaco?!!

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

não é nada fácil encaixar todas

E onde encaixará esta? E como brilha! E de onde veio? Será que se correr veem mais? Ou será melhor ficar quieto? Será como o bater das asas da borboleta?
Uau! Está a ficar enorme! E será que já cheguei a meio? Ainda faltaram muitas peças? E porque é que há peças que parece que não encaixam em lado nenhum? Será que têm que vir outras peças para estas encaixarem?
E esta sensação, de uma peça encaixar na perfeição, sem fazer fricção, sem rasgar e dobrar os cantos?
E não é nada fácil encaixar todas as peças. É preciso muita paciência para encontrar o sitio certo de cada peça. Se forçar as peças podem partir e nunca mais encaixam.
Mas é bom sentir que a escolha que fazemos nos deixa mais confortáveis, mais em conta com a nossa verdadeira natureza. Sim, é essa mesma, a sensação da peça a encaixar na perfeição.

Mesmo que seja difícil, o mais importante é que as peças encaixem umas nas outras.
Está a ficar giro, mas... afinal quem é que me deu este puzzel?

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

o meu almoço com um míudo de 6 anos

- Hoje ficas cá a tomar conta de nós na hora do almoço? (pergunta N. de 6 anos)
- Sim, hoje fico cá.
- E o que é que vais comer?
- Uma sandes de atum.
- E quais são os ingredientes?
- Os ingredientes..? Pão, alface, tomate, ovo cozido e atum.
- Posso ver?
- Podes, mas porque tanta curiosidade?
- Gosto de ver...
- Nunca viste uma sandes de atum??
- não...
- Não?? Ok, eu mostro-te a minha sandes de atum.

Na cozinha da associação Uma Porta amiga
- vês, é um pão com sementes, e no meio leva os ingredientes: salada, tomate, ovo cozido e atum. Queres provar?
- Blhaccc! Não. Não gosto de alface nem de tomate. As vacas e as ovelhas é que comem isso...
- Não senhor. Estás muito enganado. As vacas e as ovelhas comem erva e...
- E a erva é verde!! como a alface.. e os coelhos também comem alface que eu já vi...
- Pois, por isso é que os coelhos são muiro rápidos! Vês, comer alface é bom!
- Mas os coelhos não comem tomate..
- Mas o tomate faz bem.
- Porquê?
- Porque... tem vitaminas e...
- A minha irmã já levou com um tomate na escola! Os tomates cheiram mal e há meninos que ficam vermelhos como os tomates! Tu também ficas vermelho quando comes tomate?
- ... não. Mas afinal e tu, o que é que vais almoçar?
- Hoje é macarrão com carne picada.
- Almoças na escola?
- Sim.

Entretanto chegam as monitoras e a psicóloga da associação.

- Boa tarde! Então os meninos já almoçaram? (pergunta a psicóloga)
- Eu almoço na escola. O professor p. gosta de alfaces e de tomate como os coelhos! (e solta uma gargalhada)
- Por isso é que têm os dentes bonitos e não estragados como os teus que só comes pastilhas e bolos!!
- O professor p. está vermelho! O professor está vermelho! O professor está vermelho!

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008