sábado, 20 de fevereiro de 2010

podia ainda ser outra coisa

Então é assim
uma vida não se vê de fora
varia consoante quem a vê
e o que vemos nos outros é muitas vezes(quase sempre) o que nos convém:
o que não temos e queremos ter
o que temos e não queremos ter
Uma vida nunca é aquilo que nos parece

e assim continuamos a não saber nada uns dos outros
por muito íntimos, por muito perto
estamos sempre do lado de fora
E de vez em quando alguém diz:
"Não sabes nada de mim"
E de vez em quando alguém ouve:
"Não sabes nada de mim"
e é dificil saber o que é pior.

E mesmo que a pessoa venha com uma biografia
falhamos na mesma
porque o mais terrivel de uma vida é a experiência do tempo
e talvez seja esse falhanço que torna as biografias necessárias
provam que a vida é suportável, ou seja,
pode ser sempre outra coisa

como a vida de Jane Digby
uma aristocrática inglesa nascida em 1807
falecida septuagenária em 1881
depois de ter vivido em mansões, grutas, tendas no deserto
de casamento em casamento, de amante em amante
deixou seis filhos, levados pela morte ou pelos ex-maridos
chegando á meia-idade sem nenhum
quando decidiu percorrer a Síria, tinha 46 anos
e foi então e só então
que finalmente se apaixonou para sempre
ele não era da sua raça
nem da sua religião nem do seu meio
nem da sua idade.
Ele mudou com ela e ela mudou com ele

A vida podia ainda ser outra coisa.

5 comentários:

Celeste disse...

Temos é que estar abertos às experiencias e estas acabarão por nos guiar.

Paulo disse...

sim, não dúvido nada que elas nos guiem, só dúvido é do caminho...

(é que há alguns, que nem uma boa suspensão aguenta...)

Astrid disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Astrid disse...

E há quem já me tenha dito que o comboio da vida tem muitas paragens e que não convém demorar muito em algumas delas.

Beijos, flores e estrelas *****

C. Moniz disse...

Porquê o nome "Cisne Negro"?