terça-feira, 23 de março de 2010

Tudo é economia, já dizia Marx...até o amor.

Tenho a estúpida sensação que as pessoas vêem os sentimentos como uma doença e algo a esconder a todo o custo. A enterrá-los num buraco para se esquecerem que os tiveram.
E tenho a estúpida sensação que as pessoas já sabem tudo de tudo. Sabem tudo sobre sentimentos, sobre sexo, sobre drogas, sobre politica, sobre o Socrates, sobre a vida dos outros...
- Não sabes nada da vida... o teu mal é leres demasiados livros românticos.. - dizia-lhe ela.

e anda tudo numa correria louca.. numa ânsia...
numa ânsia de chegar primeiro
de sucesso, reconhecimento, dinheiro

- Amor? Sentimento? Paixão? Andas a ver filmes a mais... -dizia-lhe ela.
O sonho fora trocado pelo sonho de ser famoso, de aparecer, de ser conhecido em todo o lado. Adorada e aplaudida, e o resto é conversa. Ali não há lugar a sentimentos frustados nem o sofrimento de uma decepção amorosa. Isso é só para os tolos.

- Sabes porque te amo? -dizia ele.
- Porque sou bela?
- Não, porque tenho a impressão que consigo ler o teu coração...
- Ler!Ler!Ler! Passas a vida a ler! E se fizesses alguma coisa útil para variar? Agora não tenho tempo, tenho que ir, já estou atrasada. - e ele ficou a pensar de que é que ela tinha medo? Do sentimento? Do compromisso? Da decepção? Do sofrimento? Que mais valia a solidão de uma vitória, ao calor de um abraço? ou as palmas do público ao beijo apaixonado?
Uma vez olhei no rosto do amor e encontrei o espelho dos meus sonhos.
Com quem é que ela aprendeu a querer tão pouco?