domingo, 25 de abril de 2010

Ando cansado de ti e do teu humor de merda com tantas tardes de chuva. Nem sequer tinha pensado em te escrever. Ia escrever sobre a revolução, o vermelho dos cravos, ou sobre o graffite na rua das arcadas. Mas depois pôs se sol e comprei um corneto de morango e, juro-te, há sempre miúdos a jogar à bola na rua das laranjeiras. Hoje, finalmente a bola fugiu para os meus pés e dei dois toques antes de passar ao miudo gordo e sardento, com a t-shirt do FCP. O dia corria-me bem, até porque estava maré-baixa e cheirava a maresia. E na esquina da praça já não se vendiam castanhas, mas flores a tentarem sobrepor-se ao vermelho dos cravos. Até vi um casal de namorados nos resguardos da ponte, que namoravam como nos filmes. E a senhora das esmolas, que por momentos se esqueceu de estender a mão e viu-se no reflexo das águas do rio. E perguntei-me se seriam doces ou salgadas, as águas do rio. Queria falar da liberdade, mas distrai-me com as estrangeiras giras com ombros de alças marcadas pelo sol. E o reflexo das velhas fachadas constantemente lavadas pelas águas do Gilão. E esqueci-me porque me fodes o juizo. Estou a escrever-te a ti. sabes, ás vezes estás-me tão entranhada