sábado, 2 de outubro de 2010

Digam lá a verdade, mas afinal, o que é que querem?

e nestes dias quentes de verão, em que estive ausente, a viver a vidinha, recebi vários e-mails a questionarem-me se voltaria aqui a escrever. Eu próprio me questionei: «Mas escrever sobre o quê? A crise? O orçamento? O buraco da despesa pública? As alterações climáticas? A praga de mosquitos? O mau inicio de campeonato do Benfica?»
Mas afinal, o que é que é realmente importante? Sobre o que é que vale a pena escrever? O que é que é verdadeiramente importante e nos toca a todos? Sim, lá no fundo(não, não, não é a crise, esta não toca a toda a gente). E a resposta é tão básica e tão obvia: a felicidade. Todos desejamos ser felizes. Mas... o que é a felicidade? Qual a formula definitiva? Sim, porque para alguns, a felicidade é um golo do benfica, para outros são os números do euromilhões, ou ser promovido, ou comer um bom cozido. E depois encontramos pessoas felizes com tão pouco e em situações que para nós nos levariam à infelicidade, que só prova como a felicidade é tão subjectiva...
Entretanto vejo o ínicio de um filme: "Barreira Invisil", de Terrence Malick, e lembro-me de um estudo que põe no pódio da felicidade: Vanatu, um arquipélago da Melánesia!?, onde as pessoas tem um um grau elevado de satisfação com a vida. Ao contrário da industrial Alemanha, com uma elevada esperança de vida, com Iphones, BMW's e Mercedes. Mesmo assim, à frente dos organizadíssimos e limpinhos paises escandinavos: 112º Dinamarca, 115º Noruega e 123º para a Finlândia. E entre um mergulho no mar, ao sol de uma praia algarvia, penso no dinheiro, no consumo, numa elevada esperança de vida. Na escala de valores. Nos paises e pessoas ricas, que talvez se enganem em dar tanta importância ao dinheiro. De facto, no nosso sistema de valores, o dinheiro e o status ocupam os primeiros lugares. Ao contrário da avaliação que nos dão os "economistas da felicidade", que nos dizem que nada causa mais felicidade que as relações entre as pessoas, isto é, a vida em familia, os jantares de amigos, o convívio, o café com, os companheiros/namorada/o. A seguir vem o sentimento de ser útil (mesmo desempregados, podemos sempre fazer voluntariado), depois, segundo as circunstâncias, a saúde e liberdade.
Quem procura a felicidade na procura incessante de bem-estar material e de estatuto social para impressionar os outros revela um comportamento de carência. Aliás, o capitalismo leva consigo a lógica da insatisfação: quanto mais se tem, mais é preciso ter.
E nesta lógica, neste ambiente pesado de crise económica, acredito que o slogan deveria ser: Felicidade para todos e não o crescimento a toda a força da economia e do PIB, e o que isso implica: corte nas despesas e aumento do desemprego. Para mim, um leigo em economia, o pleno emprego é mais importante que o crescimento do PIB.
Um estudo recente revela que metade da população portuguesa tem dificuldades em sobreviver economicamente, no entanto, 70% dizem que são felizes e não é por acaso, pois ainda somos um povo que valoriza a familia e os amigos.
E quantos euros vale um beijo? Um abraço? Um mergulho no mar? Uma jantarada de conquilha acabadinha de apanhar com os amigos? Um passeio a uma terra desconhecida? Uma gargalhada? Um carinho de um cão ou gato? Observar o pôr do sol? Um obrigado?
Afinal a crise é de quê?

4 comentários:

Anónimo disse...

Afinal, sabes muito bem do que falar...Era apenas uma pergunta de retörica provocatöria.
Se blog säo os diärios modernos, tudo vale...Jä que o snow, näo aparece, podes ajudar-me a compreender como as crianças ( e adultos ) em livros e filmes, adoram rir, mas passam de imediato para as histörias de . Eu tenho as minhas opiniöes. Era sö para comparar.
Jä agora, o que significa realmente um palhaço com tanto sucesso em presidenciais como aconteceu em França e agora no Brasil!
Jä ouviste falar do film que relata a morte de padres na argëlia quando viviam em harmonia com a populaçäo os religiosos locais...
E o nosso novo centro de luta contra o cancro! E a dor, como falava Marguerite Duras!
Bem ... ideias, tomadas de posiçäo näo te costumam faltar!
Bise

Anónimo disse...

Só não te esqueças que muito do que aí referes custa dinheiro.
Por mais que as melhores coisas da vida sejam grátis, é impossível sobreviver sem dinheiro, é preciso um tecto para viver e comida na mesa. Mesmo as coisas mais elementares custam dinheiro, e este, só se consegue por via do trabalho (salvo raras excepções).

Não vivemos numa sociedade em que possamos ter uma cabana e uma cana de pesca, ou uma horta... temos mesmo que trabalhar para ter coisas, para sustentar os nossos filhos... É a vida... :-)

No entanto, gostei do texto, embora com a sua
utupia :-)

Helena disse...

Há também um livro:"Geografia da Felicidade" que recomendo! Mas de facto nada nos faz mais felizes do que um abraço ou um beijo :)

Anónimo disse...

Utopia? A sério? Não! Todos queremos ser felizes! E é o que desejamos também para os nossos filho ... ah! espera! A felicidade vem, no ranking dos desejos parentais, tão no fim da lista que muitas vezes nem aparece!
:(