quinta-feira, 21 de abril de 2011

Meti-me nos copos. Pela minha escrita

"Meta-se nos copos. Pela sua escrita", foi o que fiz no curso de escrita criativa - orientado por Pedro Chagas Freitas. O ínicio foi mesmo estilhaçante: um copo a voar em direcção ao chão, desaparecendo em mil cacos no chão. Felizmente estava vazio. ----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Gostei imenso da experiência, mas não me vejo a escrever romances. Aprendi um pouco mais sobre estruturação textual; dimensão léxical; a não ignorar o ; nem o - muito menos os : e o mais importante além do divertimento: a sair do quadrado e libertar a imaginação. A seguir fica um pequeno exemplo de uma das aulas, em que nos foi proposto alterar as expressões a colorido, dando uma outra riqueza ao texto. O resultado foi espantoso e muito divertido:-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Texto original:
"Comprou um carro azul - e foi experimentá-lo imediatamente. O barulho do motor a trabalhar era grande (ao andar sobre o asfalto quente). Gostou: da sensação, da intensidade - motor. Acelerou: ainda mais. Prego a fundo."-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------A minha versão:
"Comprou um carro azul - e foi calçá-lo de gás. O barulho do motor a trabalhar era grande (ao andar sobre o negro fervilhante). Gostou: da sensação, da intensidade - motor. Acelerou: até despir o azul. Descarnou o chassi."-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- Outra versão entre muitas outras:
"Comprou um carro azul - e pegou-lhe rutilante. O barulho do motor a trabalhar era grande (ao andar sobre a esteira de Hades). Gostou: da sensação, da intensidade - motor. Acelerou: tsunami sideral. Cristo pregado ao chão." ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------e com todas as expressões misturadas e muita criatividade, deu para construir um poema no mínimo surreal, mas com muita piada:

Sobre a esteira do diabo
tapete em erupção
cobra preta e viscosa
mergulhou no animal
pegou-lhe rutilante
calçou-o de gás
até despir o azul
cuspir as entranhas
tsunami sideral
cristo pregado ao chão
descarnou o chassi
setasiou rumo ao alvo
cobra sexy
ao fluir em erupção
faiscou-o rutilante
no limiar do décibel da surdez
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No final, nenhuma escrita será a mesma (há que acreditar no Pedro).

4 comentários:

Anónimo disse...

Gostei do que li e quem sabe um dia também terei a coragem de ir a um curso destes... :))))
Só um pequenino reparo... não se escreve ACELAROU... mas sim ACELEROU... (acelera... acelerou...)

Paulo disse...

Coragem??Juro que não doi nada (excepto talvez a barriga de algumas gargalhadas quando a construção de um texto em conjunto, descamba para o non-sense). Vale bem a pena, é muito enriquecedor.

Obrigado pelo reparo. É o que dá quando se acelera ao teclar sem os máximos ligados. Lapso corrigido.

Anónimo disse...

Vou pensar a sério ir. E se não há impedimento para umas boas gargalhadas, melhor ainda!
A ver vamos... :)

Helena disse...

Também existe a terapia do grito. Muito libertador e não é preciso partir copos! ;)