domingo, 11 de outubro de 2009

Há dias em que tenho vergonha de ser homem em Portugal

Confesso que por vezes tenho vergonha de ser homem em Portugal.
Tenho vergonha quando passo numa banca de jornais e vejo mais uma notícia de um crime que infelizmente começa a ser de uma banalidade chocante. Da violência exercida sobre as mulheres portuguesas que as mata. Que as viola. Que as mal trata. Que lhes tira a dignidade. E a revolta é ainda maior quando leio outras notícias que nos dizem que as mulheres portugueses são das que mais trabalham na Europa: além de serem das que mais trabalham fora de casa.

Em Portugal não é fácil ser mulher. É o assédio dos colegas e do patrão no trabalho. A descriminação nas tarefas e no vencimento. O olhar de lado porque se progrediu na carreira não por mérito próprio, mas sempre porque se deitou com as pessoas certas.

E depois em Portugal temos uma das taxas de natalidade mais baixa da Europa. Porquê?
Porque as mulheres portuguesas têm que adiar a maternidade (outro crime). Porque não têm meios financeiros nem tempo para isso. Porque tem todo o direito de serem livres e não terem que depender financeiramente de um homem.

Não escrevo este post para ser bajulado, ou ter muitos comentários a elogiarem-me. Escrevo este post porque gosto de mulheres e DAS mulheres. Porque quero que acreditem e não desistam. Que ainda é possível uma sociedade igualitária e justa. Que só assim poderemos evoluir para uma sociedade moderna e próspera, como tem os países nórdicos.

Porque apesar de serem assassinadas, mal tratadas, violentadas fisica, psicológica e moralmente, ainda conseguem conservar a doçura e a devoção próprias da mulher latina. Mulheres corajosas que não precisam de perder a sua feminilidade para fazerem frente às descriminações. São mulheres que gostam dos maridos e filhos e que ainda assim, entre empregos exigentes, pilhas de roupa para passar a ferro, ainda têm tempo para amar porque são românticas. Ainda acreditam que a vida pode melhorar, mesmo que o marido não saiba fritar um ovo...

Nunca gostei, nem nunca hei-de ter em casa um pássaro numa gaiola. Um pássaro é bonito a voar. Livre.

E agora vão lá ver as eleiçoes e quantas mulheres são eleitas...