Confesso que por vezes tenho vergonha de ser homem em Portugal.
Tenho vergonha quando passo numa banca de jornais e vejo mais uma notícia de um crime que infelizmente começa a ser de uma banalidade chocante. Da violência exercida sobre as mulheres portuguesas que as mata. Que as viola. Que as mal trata. Que lhes tira a dignidade. E a revolta é ainda maior quando leio outras notícias que nos dizem que as mulheres portugueses são das que mais trabalham na Europa: além de serem das que mais trabalham fora de casa.
Em Portugal não é fácil ser mulher. É o assédio dos colegas e do patrão no trabalho. A descriminação nas tarefas e no vencimento. O olhar de lado porque se progrediu na carreira não por mérito próprio, mas sempre porque se deitou com as pessoas certas.
E depois em Portugal temos uma das taxas de natalidade mais baixa da Europa. Porquê?
Porque as mulheres portuguesas têm que adiar a maternidade (outro crime). Porque não têm meios financeiros nem tempo para isso. Porque tem todo o direito de serem livres e não terem que depender financeiramente de um homem.
Não escrevo este post para ser bajulado, ou ter muitos comentários a elogiarem-me. Escrevo este post porque gosto de mulheres e DAS mulheres. Porque quero que acreditem e não desistam. Que ainda é possível uma sociedade igualitária e justa. Que só assim poderemos evoluir para uma sociedade moderna e próspera, como tem os países nórdicos.
Porque apesar de serem assassinadas, mal tratadas, violentadas fisica, psicológica e moralmente, ainda conseguem conservar a doçura e a devoção próprias da mulher latina. Mulheres corajosas que não precisam de perder a sua feminilidade para fazerem frente às descriminações. São mulheres que gostam dos maridos e filhos e que ainda assim, entre empregos exigentes, pilhas de roupa para passar a ferro, ainda têm tempo para amar porque são românticas. Ainda acreditam que a vida pode melhorar, mesmo que o marido não saiba fritar um ovo...
Nunca gostei, nem nunca hei-de ter em casa um pássaro numa gaiola. Um pássaro é bonito a voar. Livre.
E agora vão lá ver as eleiçoes e quantas mulheres são eleitas...
Casa e Mundo. Ou Mundo e Casa. Tanto faz.
Há 2 semanas